Como se planejar > O que levar no caminho

 

No Caminho você vai encontrar pessoas de calça jeans, tênis de academia, camiseta de malha etc. Quase sempre são europeus que fazem o Caminho por partes, caminhando por poucos dias.

Para quem vai caminhar por muitos dias, é bom ter alguns cuidados a mais com o que leva, o que é muito particular e subjetivo.

Abaixo você encontrará uma lista com sugestões, algumas detalhadas, e, também, com a documentação necessária para a viagem.

Alguns itens, como calçado e mochila, caros, devem ser escolhidos com muito cuidado. Eles serão seu transporte e casa pelo Caminho.

Documentos
  • Passaporte – com validade superior a 3 meses após a data de saída dos países do Espaço Schengen
  • Credencial de Peregrino – de preferência, a da AACS-Brasil, reconhecida pela Catedral de Santiago
  • Seguro viagem que atenda às exigências do Tratado de Schengen – 30.000 euros ou superior
  • Passagem aérea de ida e volta
  • Cartão de Crédito, débito ou viagem (não são muito práticos: normalmente não são aceitos em albergues e pensões e nem sempre é fácil encontrar caixa eletrônico – sugerimos utilizar preferencialmente em horário bancário, pois, se o caixa eletrônico engolir o cartão, terá como reavê-lo) 

ATENÇÃO: Antes de viajar, não se esqueça de desbloquear os cartões para gastos nos países de destino!

A partir de 2023 será exigido o preenchimento e o pagamento do Etias, autorização para entrada nos países do tratado de  Schengen. No momento, não há necessidade de visto para França, Espanha e Portugal, países por onde passam os principais Caminhos de Santiago, mas existem obrigatoriedades, além dos documentos acima:

  • – certificado de vacinação contra Covid – leve em português, espanhol e inglês.
  • – justificativa do motivo de viagem
  • – comprovação de hospedagem ou carta-convite, para quem vai se hospedar em casa de parente ou amigo
  • – comprovação de meios econômicos (segundo informação de em https://www.exteriores.gob.es/Consulados/salvadordebahia/pt/ServiciosConsulares/Paginas/Consular/Condiciones-de-entrada-en-Espana.aspx , a quantia mínima por pessoa para entrar na Espanha é de 90 euros por dia, com um mínimo de 810 euros ou o equivalente legal em moeda estrangeira – fatura do cartão de crédito com o limite internacional e extrato bancário podem servir como comprovantes caso esteja levando cartões de crédito e débito)

Peregrinos, talvez pela bagagem e vestuário, normalmente não são questionados na entrada dos países. Porém, é melhor não dar chance ao azar e levar consigo o exigido.

As informações acima podem ser alteradas sem que saibamos.
Consulte sempre os portais de embaixadas/consulados dos países por onde vai passar.

Tire cópias de todos os seus documentos, embale-as em um saco plástico e leve dentro da mochila ou as tenha em seu celular ou e-mail.

Seguro

Seguro Saúde no Exterior – pode ser adquirido em qualquer Agência de Viagens ou pela Internet. Há várias modalidades e vários preços no mercado.

O seguro médico internacional deve ter cobertura no exterior, pelo tempo integral de permanência, em caso de necessidade de repatriação por enfermidade grave ou acidente

Se você tem cartão de crédito internacional, confirme se ele lhe dá direito a um seguro saúde no exterior. Informe-se como é feito o atendimento quando necessário. Alguns cobrem tudo; outros, é necessário pagar o atendimento e solicitar reembolso ao retornar (o que nem sempre acontece…) Seu Cartão de Crédito/Débito deve estar com uma validade mínima de 3 meses.

A Previdência Social tem acordo firmado com vários países. Veja em
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/acordos-internacionais/acordos-internacionais/assuntos-internacionais-acordos-internacionais-portugues 

Se você desconta para o INSS, procure um posto de atendimento que lhe dará um documento chamado Acordo de Previdência Social (APS), válido em alguns países europeus. No caso de Portugal, não é necessário vínculo com o INSS, isto é, servidores públicos também têm direito ao APS. Não sabemos se isso se aplica a outros países.

ATENÇÃO: Confirme se o acordo ainda vale para os países que vai visitar, pois há frequentes mudanças nessas políticas. 

SEGURO SAÚDE PARA ENTRADA EM ALGUNS PAÍSES DA EUROPA Brasileiros, no momento, não precisam de visto caso permaneçam até, no máximo, 90 dias em território dos países da União Européia signatários da Convenção de Schengen.

No entanto, todos os estrangeiros, submetidos ou não a um visto de curta duração, que desejarem ingressar na Comunidade Schengen devem estar munidos de um seguro-saúde e de repatriamento no valor mínimo de 30.000 Euros e que cubra todo o território Schengen (França, Alemanha, Grécia, Espanha, Itália, Áustria, Portugal, Finlândia, Suécia, Noruega, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Islândia e Luxemburgo).

O que levar

Para que seu Caminho transcorra da melhor maneira possível, seguem algumas sugestões, com atalhos em alguns itens para maiores informações:

  • – Mochila até 45 litros, saco de dormir, capa de chuva
  • – Cajado/bastão de caminhada
  • – Calçados: bota ou tênis, papete ou havaiana ou crocs
  • – Chapéu de aba larga ou boné, filtro solar, protetor labial
  • – Lanterna pequena, porta moedas e tampões de ouvidos (contra roncos!) 
  • – Câmera e/ou celular, carregador e baterias, se for o caso
  • – Colher de plástico (a da companhia aérea costuma ser leve e resistente…), alfinetes de segurança (servem, inclusive, como prendedores de roupa)
  • – Agulha e linha, cortador de unhas, bloco e caneta
  • – Xampu, condicionador, hidratante, desodorante (transfira para frascos até 100ml – se acabar, comprar mais e deixar o excedente no albergue – pode servir para outro peregrino), pente/escova, sabonete, fio dental, pasta e escova de dentes, aparelho e creme de barbear, lenços de papel e umedecidos, toalha fralda ou natação
  • – Óculos de grau e de sol. Se usar óculos de grau, leve 2, se possível, para o caso de perder ou quebrar um deles. Guarde com cuidado seus óculos. Se usar lentes de contato, levar o suficiente para o tempo de viagem: é difícil encontrar lá
  • – 3 camisetas de secagem rápida (uma já vai no corpo), sendo 2 de manga curta e 1 comprida ou vice versa, dependendo da estação do ano
  • – 2 calças de micro fibra ou poliamida (uma já vai no corpo)
  • – 2 pares de meia grossa + 3 pares de meia fina (se você optar por usar 2 meias por dia)
  • – 2 sutiãs/top, 3 calcinhas/cuecas, agasalho
  • – Remédios de uso diário, suficiente para o tempo da peregrinação

Todos os pertences devem ser acondicionados em sacos plásticos.

Calçados

Bota ou tênis ? Esse é um tema de muita discussão e, até hoje, não há consenso sobre o assunto.
Argumento de quem gosta de botas: protegem os tornozelos contra possíveis torções.
Argumento de quem gosta de tênis: não incomodam nos tornozelos.

Preste atenção nos seguintes pontos:

  • – Deve ser adequado a longas caminhadas e com um solado resistente.
  • – É importante que fique confortável, pois será seu “meio de transporte” por muitos dias. Por isso, vale a pena investir num calçado de boa qualidade, mesmo que isto custe um pouco mais.
  • – Compre, pelo menos, um número maior. Além dos pés terem a tendência a inchar após algum tempo de caminhada, você poderá estar usando até duas meias (sem falar nos esparadrapos, tornozeleira…).
  • – Que seja de material impermeável e respirável (os que têm a tecnologia Goretex – GTX – por exemplo)
  • – Qualquer que seja, é aconselhável amaciar por, pelo menos, 2 meses antes de partir.

Considere a possibilidade de utilizar uma sandália do tipo papete para alternar com a bota ou o tênis.

Sandálias tipo “Havaiana” ou “Crocs” também dão um bom descanso aos pés após o dia de caminhada e ainda podem ser usadas no banho.

Durante as caminhadas, ouça seus pés. Alguns falam bem baixinho. Cabe a você escutar.

Capa de chuva

Independentemente da época do ano que se tenha escolhido para a peregrinação, na grande maioria das vezes, teremos que enfrentar alguns dias de chuva.

O ideal é capa tipo corcova de camelo, que cobre tanto o corpo como a cabeça e a mochila. 

Existe com fechamento normal pela frente e tipo poncho. Existem umas com mangas também, o que facilita o movimento dos braços.

Deve ser o mais resistente e leve possível e o capuz deve ter uma aba para proteger os olhos – útil, principalmente, para aqueles que usam óculos.

Muitos preferem a combinação casaco impermeável e capa de mochila. É bom lembrar que essa combinação não protege as alças da mochila.

As capas, além de protegerem da chuva, servem como mais uma camada de agasalho em dias muito frios.

Meias

Muita gente recomenda a utilização de duas meias para evitar as temíveis bolhas – uma fina (de mulher), por baixo, para diminuir o atrito com o pé, e uma grossa por cima. 

Já existe um tipo de meia que faz o papel das duas, por possuir no calcanhar e na parte dianteira da meia uma composição diferente do resto. 

Algumas pessoas não se acostumam com 2 meias no pé. Usam apenas uma meia grossa e nem por isso têm bolhas.

Muitos passam nos pés algum produto para diminuir ainda mais o atrito, tal como vaselina, gel anti-bolhas, Vick Vaporub, ou polvilho antisséptico – este último com a vantagem de ter propriedades secativas e não “melar” os pés. 

Independente de quantas meias você use, ao menor sinal de atrito excessivo, deve-se retirar o calçado e cobrir a área afetada com alguma proteção, tal como esparadrapo do tipo micropore.

Cortar o elástico das meias, para que não apertem as pernas, pode poupar problemas.

Mochila

Ao se comprar uma mochila, alguns pontos devem ser observados:

  • – ser o mais leve possível.
  • – ser resistente à água.
  • – possuir acolchoamento na parte de trás, na altura das espáduas e da cintura.
  • – permitir a circulação do ar nas costas.
  • – possuir alças acolchoadas para proteger os ombros.
  • – capacidade até 45 litros.
  • – possuir, de preferência, um bolso superior de fácil acesso.
  • – possuir, de preferência, abertura independente na parte inferior.
  • – possuir alças com possibilidade de ajustes na parte frontal, no peito (peiteira) e na barriga (barrigueira).
  • – não deve ser mais larga que o corpo.
  • – ser adequada para longas caminhadas.
  • – por ser um componente do qual todos os outros dependem, deve ser de marca confiável.

Recomenda-se que o peso da mochila, já com todo o material, não ultrapasse 10% do peso corporal.

Leve também uma pequena mochila bem levinha, para o caso de você resolver despachar sua mochila grande e você ter onde colocar algum objeto que possa ser necessário ao longo da caminhada do dia. Você também poderá optar por colocar tudo que você não vai precisar na caminhada nessa mochila simples e levar na caminhada a mochila boa, que é preparada para não causar nenhum incômodo.

Como arrumar a mochila:

  • – É aconselhável colocar os objetos mais pesados na parte de baixo da mochila.
  • – Algumas coisas, tais como alguns alimentos, capa de chuva e a capa da mochila, devem ser colocados logo em cima, para que se tenha fácil acesso em caso de necessidade.
  • – Guias e mapas podem ser colocados nos bolsos laterais (se houver).
  • – Objetos pequenos que podem ser usados durante o caminhar, tal como canivete e remédios, podem ser colocados na bolsa superior.

Sempre que tirar a mochila, fechar tanto a barrigueira quanto a peiteira, para evitar que um distraído pise e quebre as peças de plástico e prejudique seu Caminho.

Evite movimentos bruscos ao colocar e retirar a mochila do corpo. Um movimento inadequado poderá ocasionar lesões musculares, principalmente nas costas. Procure deixar a mochila sobre um lugar alto, para evitar que você tenha que se abaixar para recolocá-la.

O uso dos bolsos laterais (se houver) deve ser feito com atenção, para que haja uma distribuição uniforme de peso em ambos.

Apertar a barrigueira de modo a que, depois de “vestida”, o peso da mochila esteja nos quadris e não nos ombros.

Dependendo da capa de chuva escolhida, pode ser necessária a compra de capa para a mochila.

Nunca deixe a mochila sobre a cama.

Saco de dormir

Além da função óbvia de mantê-lo aquecido, o saco de dormir serve para marcar sua cama e para que você não se deite diretamente sobre o colchão. Atualmente muitos albergues oferecem um lençol para forrar a cama e um fronha descartáveis, mas, na maioria deles, não há como saber se existe uma higiene adequada. Muitos albergues, mesmo privados, exigem que você tenha o seu saco de dormir, para não deitar diretamente sobre o colchão.

Marcar a cama é uma das primeiras coisas a se fazer ao chegar no albergue.

Existem 2 tipos de sacos de dormir: envelope e sarcófago.

Ao comprar um saco de dormir, pontos a serem observados:

  • – temperatura mínima de conforto
  • – tamanho
  • – peso

Existe no mercado uma opção mais leve para quem vai para o Caminho nos meses mais quentes, que é levar apenas o lençol de saco, uma espécie de forro para o saco de dormir, chamado de liner.

Se o saco tiver uma extensão para cobrir a cabeça, você deve usá-lo para não ter contato direto com o travesseiro do albergue. A princípio fica um pouco difícil achar a posição ideal, mas em pouco tempo se pega o jeito.

Cajado / bastão de caminhada

Algumas pessoas preferem não usar nem um nem outro, mas eles podem ser úteis.

  • – evitam o inchaço das mãos
  • – impulsionam nas subidas
  • – freiam nas descidas, poupando os joelhos
  • – servem como apoio extra em terrenos acidentados ou escorregadios
  • – ajudam a manter o ritmo da caminhada

É bom praticar o uso dos bastões ou do cajado antes, para pegar o jeito de caminhar com eles. Do contrário, poderão ser um estorvo e atrapalhar mais do que ajudar.

Segundo Pablito, personalidade do Caminho, para caminhar com o cajado ou apenas 1 bastão, são 4 passos para mover o cajado para a frente, para mais 4 passos e assim por diante. Pode parecer confuso no início, mas, aos poucos, pega-se o jeito e nem se conta mais.

Cuide para que seus braços estejam dobrados num ângulo de cerca de 90º (nunca menos), para não prejudicar a circulação sanguínea.